quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PLANO DE AULA - REFERENTE À PLURALIDADE CULTURAL



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Zé Geraldo - Composição: Lucio Barbosa
Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

Introdução
Este trabalho aborda um conteúdo pouco ensinado atualmente nas escolas: o preconceito, as diferentes etnias.
O disparador do processo é a música -  Cidadão
Atividade
Desenvolvida para alunos dos 4º anos do Ensino Fundamental I
O projeto será desenvolvido em conjunto com os professores de todos os 4º anos
Disciplina
História, Geografia, Artes, Educação Física e Língua Portuguesa - Faremos uma pesquisa sobre a cidade de SÃO PAULO e sobre a região NORDESTE.
Objetivo
Pesquisar o lugar em referência na música, conhecer hábitos e costumes, localização,  clima, população, etc. Possibilitar que os alunos percebam as diferenças culturais/sociais entre as regiões.
Mostrar que apesar das diferenças culturais entre as regiões uma contribui com o desenvolvimento da outra e que independente do local de origem as pessoas podem conviver em harmonia.

Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. Sabe-se que as regiões brasileiras tem características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos sociais e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação.
O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etno cultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade.
Esse tema propõe uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade brasileira, compreender suas relações, marcadas por desigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias, oferecendo elementos para a compreensão de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação. (PCN –Pluralidade  Cultura – Apresentação/ Introdução)
Tempo
Aproximadamente 1 bimestre
Material necessário
CD com a música/ aparelho de som /letra impressa/mapa da cidade 
Desenvolvimento/ Etapas
·        1ª etapa:
§  Ouvir a música e discutir a letra através de uma “roda de conversa”
§  Localizar a cidade de São Paulo e a Região Nordeste no mapa.
§  Discutir sobre as observações iniciais, como dimensão das regiões, costumes, etc.  
§  Propor que cada sala através de sorteio tenha a  tarefa de trazer para a próxima aula uma pesquisa sobre um determinado estado que pertença a Região Nordeste e também sobre São Paulo, contendo população, linguagem popular,  hábitos alimentares, cultura, principais atividades econômicas, danças típicas, etc. 
·        2ª etapa:
§  Socialização das pesquisas em sala. Pode-se comentar sobre o que mais                                      chamou a atenção em relação a cada região              
·        3ª etapa:


 Avaliação
§  A avaliação será feita através da participação dos alunos durante a realização das tarefas, e para finalizar esse tema, os grupos deverão montar uma feira cultural em  sala, com “stands”, para expor objetos, pratos típicos, fotos, etc., da cidade de São Paulo e da Região Nordeste.
§  No final do projeto será feito uma socialização com todas as salas, para discussão dos temas abordados durante o projeto.
Quando a atividade envolve música, é importante que não se compare as aprendizagens, mas sim observar as características de cada criança dentro do grupo. Ao escutar uma canção, elas não manifestam seu prazer e seu interesse da mesma maneira. Nem todas dançam ou batem palmas; algumas preferem manterem-se atentas, apenas escutando, o que não significa não gostar do que ouvem.
É importante que o professor reconheça as manifestações de prazer e desprazer de seus alunos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010




The Wall é um filme produzido em 1982 pelo diretor britânico Alan Parker, lançado pela MGM. O roteiro foi escrito pelo vocalista e baixista da banda Pink Floyd Roger Waters.
Como podemos observar, o filme aborda alguns temas, mas o que chamou atenção a forma de ensino, já em 1982, o roteirista Roger Waters observou que o método de ensino era decadente, e que com o passar do tempo não mudou muita coisa.
(Freire 2004 apud Ferreira, Pina, Carmo,2005) mostra que a educação hoje se torna o ato de depositar conhecimentos, em que os educandos e educandas são os depositos e os educadores e educadoras os depositantes. Essa seria a chamada concepção bancaria de educação, no qual a pratica pedagógica é reduzida ao ato de depositar, transferir e transmitir valores e conhecimento).
Observando este ponto de vista fica fácil de interpretar o vídeo, pois todos os alunos aparecem com a mesma fisionomia, isso ocorre em decorrência no método de ensino que é utilizado, o professor detentor da sabedoria naquela situação, passa informação aos alunos que simplesmente a absorve sem que haja uma discussão do assunto, isso faz com que os alunos tenham apenas aquelas informações.
Não podemos fechar os olhos para o ensino que hoje é passado para os alunos, pois algumas escolas ou professores apenas transfere seu conhecimento, não estimulando o aluno a pensar ou buscar informações fora da sala de aula. Mas este método de ensino não está restrito ao ensino fundamental ou médio, pois algumas instituições de ensino superior tem a mesma forma de ensino.
Hoje em dia, muitos alunos recém-formados encontram dificuldades par encontrar emprego, muitos chegam a comentar que o mercado de trabalho está concorrido, pode ate ser verdade, mas será que a falta de capacitação ou a mal formação deste aluno não atrapalha na hora de ser empregado.
Sengundo(Ferreira, Pina, Carmo,2005) a relação educador - educando neste método educacional faz uma vertical de cima para baixo, definindo os que sabem e os que não sabem, reproduzindo uma relação opressor - oprimido.
Em outro método de ensino, podemos estimular os alunos a buscar informações e com isso pensar nos assuntos discutidos em sala de aula, mostrando que a relação de interativamente é positiva para o desenvolvimento de ambas as partes.
(Freire, 2004 apud Ferreira, Pina, Carmo, 2005) evidencia uma educação libertadora, que considera todo individuo como agente de transformação, reconhecendo-o como sujeito histórico inserido na realidade de forma crítica. Desse modo, a relação educador-educando é amparada pela irrecusável prática do inteligir, sempre desafiar o (a) educando (a) com quem se comunica a produzir sua própria compreenção do que vem sendo comunicado.

" A educação para a libertação deve privilegiar o exército da compreensão crítica da realidade e possibilitar não só a leitura da palavra, a leitura do texto, mas também a leitura do contexto, a leitura do mundo". Ferreira, Pina, Carmo 2005.
Todos nós sabemos que este metodo de ensino "libertação" é críticado por muitos professores é isso foi apontado por Gadotti, 1995.

"Muitos professores(as), porém, desqualificam, minimizam, ironizam e/ou negam as contribuições de seus alunos e alunas para não correrem o risco de responder algo que vá além das suas respostas prontas já preparadas. Mantém a postura de detentores de todo o conhecimento, resguardados pela concepção bancária, que lhes dá maior segurança ao permitir que estabeleçam limites ao que será "transmitido" em sala"
Espero que está concepção de detentores da sabedoria possa mudar daqui alguns anos, pois muitos professores não estão utilizando a sua sabedoria da forma correta, pois aluno aprende com o professor e professor aprende com o aluno. numa troca de experiências.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CONTRATOS DE TRABALHO APRESENTADO EM AULA, PARA DISCUSSÃO E COMPARAÇÃO

CONTRATO DE PROFESSORA NO ANO DE 1923

Este é um acordo entre a Senhorita.................................., professora, e o conselho de Educação da escola......................., pelo qual a Senhorita....................concorda em ensinar por um período de oito meses, começando em 1º de Setembro de 1923. O conselho de Educação concorda à Senhorita.....................a soma de 75 dólares por mês.

A senhorita..............................concorda com as seguintes cláusulas.

1. Não casar-se. Este contrato torna-se nulo imediatamente se a professora se casar.

2. Não andar em companhia de homens.

3. Estarem casa entre às 08:00 horas da noite e as 06:00 da manhã, amenos que esteja assistindo a alguma função da escola.

4. Não ficar vagando pelo centro em sorveterias.

5. Não deixara cidade em tempo algum sem a permissão do presidente do Conselho de Curadores.

6. Não fumar cigarros. Este contrato torna-se nulo imediatamente se a professora for encontrada fumando.

7. Não beber cervejas, vinhos ou uísque. Este contrato torna-se nulo imediatamente se a professora for encontrada bebendo cerveja, vinho ou uísque.

8. Não andar na carruagem ou automóvel com qualquer homem exceto seu irmão ou pai.

9. Não vestir roupas demasiadamente coloridas.

10. Não tingir o cabelo.

11. Não vestir ao menos duas combinações.

12. Não usar vestidos mais de duas polegadas acima dos tornozelos.

13. Conservar a sala de aula limpa.

(a) Varrer o chão da sala de aula ao menos duas vezes por dia.

(b) Esfregar o chão da sala de aula ao menos uma vez por semana com água quente e sabão

(c) Limpar o quadro negro ao menos uma vez por dia.

(d) Acender a lareira às sete horas da manhã de forma que a sala esteja quente às 8 horas quando as crianças chegarem.

14. Não usar pó no rosto, rimel, ou pintar os lábios.

Fonte de pesquisa: Está o professor perdendo o controle de suas qualificações e do currículo.

Teoria e Educação nº4; editora Pannonica, Porto Alegre 1991.


Contrato de Prestação de Serviços Educacionais

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR TAREFA DETERMINADA

Pelo presente instrumento de serviços por tarefa Determinada, as partes abaixo assinada, de um lado a senhora, portadora do documento, dominada simplesmente CONTRATADA, e de outra escola com sede na cidade de São Paulo, denominado simplesmente CONTRATANTE, têm entre as partes o que mutuamente aceitam e outorgam:

O CONTRATADO deverá ministrar o total de 200 aulas no segundo semestre de 2006. O CONTRATADO deverá conduzir as aulas, seguindo o conteúdo programático previamente estabelecido pelo CONTRATANTE. Realizar avaliações, exercícios trabalhos e todas as atividades necessárias para o bom desempenho de suas funções.

O CONTRATANTE pagará o valor de R$ 10,41, acrescido de 5% de hora atividade e o Descanso Semanal Remunerado.

Em caso de falta as atividades, dever-se descontar o valor proporcional às aulas.

O CONTRATADO garante a boa qualidade dos serviços educacionais propostos, seguindo as orientações da coordenação pedagógica da escola.

O não comprimento de qualquer cláusula contratual resultará na imediata rescisão contratual sem aplicação de multa ou qualquer penalidade.

E por estarem, assim justos e contratados, assinarem o presente contato em 2(duas) vias de igual e teor e forma.

Análise dos contratos de Trabalho

Como podemos observar há uma grande diferença entre o contrato de trabalho de 1923 homologado nos E.U.A, para o contrato de 2006 homologado no Brasil, São Paulo.

Em 1923 o contrato de trabalho exige que a profissional docente cumpra com as regras estabelecidas, porém estas regras estavam além do âmbito de trabalho, fazendo parte da vida pessoal da docente, regras que a limitava de algumas ocasiões, fazendo com que ela estivesse sempre à disposição da instituição de ensino “trabalho”.

Dentro deste contato podemos encontrar alguns aspectos implícitos, que a partir de uma análise ficará mais visível.

O contato demonstra um autoritarismo, pois caso a profissional descumprisse algumas das cláusulas imediatamente o contrato se tornaria nulo, a falta de liberdade era visível não podendo realizar hábitos normais como cidadã. Tais como: ir a sorveterias, andar com pessoas do sexo oposto, andar de carruagem ou automóvel com homens exceto “pai e irmão”, beber cerveja, fumar ou simplesmente vestir roupas de seu próprio gosto. Tudo isso estava estabelecido no contrato. Porém o que chama bastante atenção é o 1° item que diz o seguinte: “Não casar-se. Este contrato torna-se nulo imediatamente se a professora se casar”. Esta cláusula deve ser a mais exigente de todas, como pode um contrato pode proibir uma pessoa de casar, construir uma família ter filhos:

Não é a toa que as professoras do ensino fundamental I, é vista é chamada como “tia” por pais e alunos.

Este contrato era firmado apenas por mulheres.

Há uma grande diferença entre o contrato de trabalho de 1923 para o de 2006, analisando o contrato de trabalho de 2006, não encontramos nenhuma cláusula que proíba o docente de realizar ou fazer tarefas fora da instituição de ensino.

O contratado precisa cumprir com as obrigações didáticas - pedagógicas que instituição de ensino propõe, para o desenvolvimento de seus alunos. Cumprir com as obrigações de docente desenvolvendo tarefas, trabalhos, e exercícios, isto é coisa recorrente na profissão do docente.

Caso ocorra falta do profissional docente, o valor será descontado do valor proporcional as suas aulas. A rescisão do contrato acontecerá caso o profissional docente não cumprir com as suas obrigações.

O contrato de 2006 não determina sexo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

BIOGRAFIA DE PAULO FREIRE



Biografia:



Paulo Reglus Neves Freire, nasceu no dia 19 de setembro de 1921 em Recife, Pernambuco. Aprendeu a ler e a escrever com os pais, à sombra das árvores do quintal da casa em que nasceu. Tinha oito anos quando a família teve que se mudar para Jaboatão, a 18 km de Recife. Aos 13 anos perdeu o pai e seus estudos tiveram que ser adiados. Entrou no ginásio com 16 anos. Aos 20 conseguiu uma vaga na Faculdade de Direito do Recife.O estudo da linguagem do povo foi um dos pontos de partida da elaboração pedagógica de Paulo Freire, para o que também foi muito significativo o seu envolvimento com o Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife. Foi um dos fundadores do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife e seu primeiro diretor. Através desse trabalho elaborou os primeiros estudos de um novo método de alfabetização, que expôs em 1958. As primeiras experiências do Método Paulo Freire começaram na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1962, onde 300 trabalhadores foram alfabetizados em 45 dias. No ano seguinte, foi convidado pelo presidente João Goulart para repensar a alfabetização de adultos em âmbito nacional. O golpe militar interrompeu os trabalhos e reprimiu toda a mobilização popular. Paulo Freire foi preso, acusado de comunista. Foram 16 anos de exílio, dolorosos, mas também muito produtivos: uma estadia de cinco anos no Chile como consultor da Unesco no Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária; uma mudança para Genebra, na Suíça em 1970, para trabalhar como consultor do Conselho Mundial de Igejas, onde desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné-Bissau, e ajudou em campanhas no Peru e Nicaraguá; em 1980, voltou definitivamente ao país, passando a ser professor da PUC-SP e da Univesidade de Campinas (Unicamp). Uma das experiências significativas de Paulo Freire foi ter trabalhado como secretário da Educação da Prefeitura de São Paulo, na gestão Luiza Erundina (PT), entre 1989 e 1991. Paulo Freire morreu no dia 2 de maio de 1997, aos 76 anos de idade, em plena atividade de educador e de pensador. Estava casado com Ana Maria (Nita) Araújo Freire, também educadora.


Visualize também o video PAULO FREIRE - CONTEMPORÂNEO...
http://video.google.com/videoplay?docid=314889602621277156#

sábado, 18 de setembro de 2010

PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO FÍSICA: O antropólogo Darcy Ribeiro (1913-1997) foi um dos...

O antropólogo Darcy Ribeiro (1913-1997) foi um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX. No filme o Povo Brasileiro, Darcy ribeiro responde à questão "quem são os brasileiros?", investigando a formação do nosso povo, a série conta com a participação de Chico Buarque, Tom Zé, Antônio Cândido, Paulo Vanzolini, Gilberto Gil, Hermano Vianna, entre outras personalidades.
O filme O Povo Brasileiro é uma recriação da narrativa de Darcy Ribeiro, e discute a formação dos brasileiros, sua origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que dela resultou. Com imagens captadas em todo o Brasil, material de arquivo raro e depoimentos, o filme é um programa indispensável para educadores, estudantes e todos os interessados em conhecer um pouco mais sobre o nosso país.
O Povo Brasileiro
A reflexão sobre a nossa formação nos remete às nossas origens, à história que como brasileiros, fomos construindo. A realidade na qual nos encontramos traz reflexões e pontos de vista provenientes de outros contextos.No que tange esse desafio de nos tornar “explicáveis” Darcy Ribeiro indica um conjunto teórico a partir do nosso contexto histórico. Ribeiro reúne um conjunto de pesquisas que culminam em uma teoria do Brasil até então inédita. Subjacente à descrição desta teoria, está sua preocupação em entender por que caminhos passamos, que nos levaram a diferenças sociais tão profundas no processo de formação nacional.A urbanização contribuiu para uniformizar os brasileiros, sem eliminar suas diferenças. Fala-se em todo o país uma mesma língua, um mesmo idioma só diferenciado por sotaques e gírias regionais. Mais do que uma junção de etnias formando uma etnia única, a brasileira, o Brasil é um povo nação, ajustado em um território próprio para nele viver seu destino.Foi essa gente composta de índios, alma de índios, de negros, de mulatos, que fundou esse país. Ao longo da costa brasileira se encontraram duas visões de mundo completamente opostas: a “selvageria” e a “civilização”. Concepções diferentes de mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram. Para os europeus os indígenas pareciam belos seres inocentes, que não tinham noção de "pecado", porém com um grande defeito: eram "vadios", preguiçosos não produziam nada que pudesse ter valor comercial. Serviam apenas para ser vendidos como escravos. Darcy Ribeiro começa a descrever como foi acontecendo a “gestação do Brasil” e dos brasileiros como um povo. Nessa reconstituição ele fala da união ocorrida entre portugueses, índios e negros, matrizes étnicas do brasileiro.Um povo novo que, no dizer de Darcy, se enfrentam e se fundem, fazendo surgir, "num novo modelo de estruturação societária". Para ele, essa mestiçagem fez nascer um novo gênero humano. Nova gente, mestiça na carne e no espírito.Darcy Ribeiro concebeu a história brasileira dividida em cinco formadores regionais, a cultura crioula, cabocla, gaúcha, caipira e a cultura sertaneja. Divididas em territórios específicos, a cultura crioula, desenvolveu-se no litoral nordestino; a caipiras, que se formou nas áreas ocupadas pelos mamelucos paulistas; a sertaneja, desenvolvida na área que se desdobra desde o Nordeste até os cerrados do Centro-Oeste; a cabocla, que correspondente à população amazônica e a gaúchas, formada no sul do país.Para Darcy formamos a maior presença neolatina no mundo, uma "nova Roma". Segundo ele, melhor, porque racialmente lavada em sangue índio e em sangue negro. Esta nossa singularidade nos condena a nos inventarmos a nós mesmos e desafiados a construir uma sociedade inspirada na propensão indígena para o convívio cordial e para a reciprocidade e a alegria saudável do negro extremamente alterativo.Ao contrário do modelo constituído pelas tribos indígenas no Brasil, os portugueses invasores possuíam relações sociais baseadas na estratificação das classes, tinham uma velha experiência como civilização urbana. Com eles veio a Igreja católica que exerceu uma grande influência no processo de formação sócio-cultural do povo brasileiro. No processo de formação sociocultural do Brasil ele vê a organização do que ele chama de empresas. Darcy diz que essas empresas, cada uma com seus fins particulares,atuaram para garantir o êxito do empreendimento colonial português no Brasil.Darcy organizou um quadro da questão agrária brasileira, onde comenta as dimensões espantosas dos latifúndios, a questão do monopólio da terra e a monocultura. Relacionou o temível êxodo rural com o inchaço das cidades em conseqüência causando a miséria da população urbana. Para Darcy formou-se um modelo político-econômico que estratifica a população brasileira, a característica distintiva do racismo brasileiro é que ele não incide sobre a origem racial das pessoas como por exemplo no Estados unidos, mas sobre a cor de sua pele. Para ele, a possibilidade de existência de uma democracia racial está vinculada com a prática de uma democracia social, onde negros e brancos partilhem das mesmas oportunidades sem qualquer forma de desigualdade, avalia o processo de estruturação como uma configuração diferente de quantas haja, segundo ele só explicável em termos, históricos.O país cresceu e se desenvolveu a partir de uma economia de base agrícola, voltada para abastecer o mercado europeu. O Brasil só se tornou uma nação de fato com a abolição da escravatura, que concedeu aos negros, ao menos no papel, a igualdade civil. Acredito que nada melhor para sintetizar a formação deste povo e concluir este resumo do que esta afirmativa do autor:“Composta como uma constelação de áreas culturais, a configuração histórico-cultural brasileira conforma uma cultura nacional com alto grau de homogeneidade. Em cada uma delas, milhões de brasileiros, através de gerações, nascem e vivem toda a sua vida encontrando soluções para seus problemas vitais, motivações e explicações que se lhes afiguram como o modo natural e necessário de exprimir sua humanidade e sua brasilidade. Constituem, essencialmente, partes integrantes de uma sociedade maior, dentro da qual interagem como subculturas, atuando entre si de modo diverso do que o fariam em relação a estrangeiros. Sua unidade fundamental decorre de serem todas elas produto do mesmo processo civilizatório que as atingiu quase ao mesmo tempo; de terem se formado pela multiplicação de uma mesma protocélula étnica e de haverem estado sempre debaixo do domínio de um mesmo centro reitor, o que não enseja definições étnicas conflitivas”.Resenha retirada do site pt.shvoong.com

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SERÁ QUE EXISTE PROFESSOR (A) IDEAL?

Edição 234 Agosto 2010

Pouco serve idealizar educadores. Porém é possível apontar qualidades de gente de verdade, que faz um bom trabalho em condições reais.







"É preferível valorizar o trabalho de
profissionais que fazem o possível
nas circunstâncias que enfrentam,
com os recursos de que dispõem."
Foto: Marcos Rosa

Mais sobre Formação Continuada

Reportagens

· Visitando escolas, encontro casos de excelência no trabalho coletivo de professores, assim como de atuações individuais excepcionais. No entanto, ao dar destaque a eles, tenho sido questionado por alguns leitores sobre eventuais idealizações de minha parte. Segundo eles, os personagens de meus exemplos provavelmente não teriam o mesmo desempenho se encarassem condições adversas, como violência, indisciplina e problemas de infraestrutura ou de ordem material.

Em respeito a essa preocupação, reitero que não falo de professores notáveis, com superpoderes e capazes de qualquer proeza, em qualquer situação. É preferível valorizar o trabalho de profissionais que fazem o possível nas circunstâncias que enfrentam, com os recursos de que dispõem.

Idealizações são artificiais, como as imagens tão comuns em propagandas de carro de luxo, que mostram ao volante um jovem atlético, sorridente e ousado, mesmo quando se sabe que a maioria dos proprietários é mais velha, séria e cautelosa. A intenção é facilitar a venda, associando esse virtual comprador ao produto.


A Educação, porém, não deve estar a serviço dos valores do mercado, e sim da sociedade. Logo, as qualidades que destacam professores nada têm de publicitárias. Eu as encontro em educadores que gosto de ver no comando das salas de aula brasileiras. Vejamos quais são, em minha opinião, essas caracteristícas:

- Lucidez para não esperar alunos ideais, que já cheguem motivados, atentos e com os pré-requisitos desejados. Esses professores trabalham com os que de fato recebem e, na medida de suas possibilidades, enfrentam os desafios que se apresentam. Por isso, quase nunca se decepcionam ou se frustram.

- Respeito próprio para não aceitarem condições impróprias de trabalho, nem se limitarem a reclamar delas. Ao contrário, eles buscam transformá-las por saberem que um ambiente mais satisfatório para eles será também mais efetivo para o aprendizado de seus alunos.

- Comprometimento com a formação dos estudantes de forma que, além de ministrarem suas disciplinas, também se articulem com colegas e coordenadores em torno de ações educativas conjuntas. Sem isso, não se efetivaria o projeto pedagógico da escola.

- Consciência do próprio valor e da importância dos conhecimentos e das competências que promovem. Por isso, esses profissionais não se acomodam com o que já sabem, mas buscam aperfeiçoamento didático e cultural permanente. A partir dessa atitude, de recusa à passividade, esses docentes também rejeitam gestões pedagógicas burocráticas.

- Solidariedade para quem necessita de mais atenção, como alunos e colegas de trabalho em situação difícil.

- Coragem para intervir quando é preciso tomar decisões complicadas, como mediar conflitos, mostrando que a atitude justa não é de indiferença ou neutralidade.

Professores que mesclam, em parte ou integralmente, essas qualidades, realmente existem e constituem uma referência de conduta importante nas escolas em que trabalham. Por isso, as instituições que os recebem são privilegiadas. Esses profissionais não são geniais ou perfeitos, mas nunca paro de aprender com eles. Também não me canso de citá-los em conversas informais, palestras e nesta coluna.

Mas não é necessário, e nem sequer possível, reunir todos eles em um único tipo ideal. Além disso, minha seleção é muito variada e inclui gente expansiva e tímida, jovem e madura, comunicativa e reservada, simples ou descolada.

Você sabe que não se fazem estátuas de educadores assim, mas eles podem ser encontrados ensinando em qualquer escola, na sua, inclusive. E, quem sabe, usando seus sapatos.

Luis Carlos de Menezes

É físico e educador da Universidade de São Paulo (USP).


domingo, 12 de setembro de 2010

CULTURA

Cultura

Como podemos definir cultura: será que isso é possível?

A palavra cultura é usada de varias formas, seja para classificar a capacidade de conhecimento das pessoas, ou para definir como certa sociedade vive, dentro desses dois conceitos um é conhecido como: senso comum, que é definido como algo que é passado de geração para geração, através de boatos e contos, o outro é cientifico: definido como ciência e dentro desta ciência esta o antropólogo.

Segundo da Matta, R. 1981. “A palavra cultura pode ser usada como sinônimo de sofisticação de sabedoria, de educação no sentido restrito do termo”.

Não é certo afirmar que cultura depende de estudos, que o ser mais culto é aquele que possui certo número de cursos, assim estaria afirmando que as classes sociais mais baixas dentro da sociedade são pessoas ignorantes que não possui cultura.

A palavra cultura tem sido usada de varias formas, mas aqui ela será expressa na visão antropológica, tentando chegar a uma definição do que é cultura.

De fato, quando um antropólogo social fala em “cultura”, ele usa a palavra como um conceito chave para a interpretação da vida social. Porque para nós “cultura” não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de “civilização”, mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa.

Da Matta,R, 1981

Todos nós temos cultura, a partir do momento que nascemos somos inseridos na cultura existente. A cultura é a identidade de uma sociedade, através dela podemos deduzir como as pessoas se comportam, quais com gostos e preferências. Não existe cultura igual, mas sim traços ou semelhanças de certas culturas, ou dentro de uma cultura pode existir “sub-culturas”.

Segundo Ruth Benedict, apud, Laraia, R, 1997. A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto tem visões desencontradas das coisas. Analisando o sentido de desencontradas podemos, afirmar que são as diferenças existentes nas culturas, que certos hábitos na cultura X são repudiados na cultura Y.

A relação entre duas pessoas do mesmo sexo é algo repudiado em certas culturas, a pessoa que afirmar ser homossexual, será tratada diferente das outras, podendo ser alvo de agressões físicas ou até mesmo serem excluídas do grupo ou tribo¹ em que vive. Já na Grécia antiga a relação entre dois homens² era algo normal, sendo que o homem mais experiente, maduro passasse todo o seu conhecimento para o adolescente, podendo ter um relacionamento amoroso, sexual, em algumas situações a própria família decidir quem seria o pedagogo de seu filho. Este assunto também é tratado por Laraia,R, 1997, que em certas tribos nas planícies norte-americanas, o homossexual é visto como um ser dotado de propriedades mágicas, capaz de servir de mediador entre o mundo social e o mundo sobrenatural, e portanto respeitado.

A cultura dos índios é totalmente diferente da cultura em que vivemos para o índio a totalidade é algo primordial dentro dos seus princípios que vai desde a relação com natureza a relação com os animais. da Matta, 1981, diz que os índios possuem uma grande sabedoria, pois os animais são seres incluídos na construção e a formação de uma política, mostrando que a vida está além da vida humana. A visão de da Matta,1981, vai ao encontro com a visão de Laraia, 1997, que diz que floresta e os vegetais tem um valor significativo e quantitativo sendo usada como uma referência espacial, um conjunto ordenado e construído de formas vegetais bem definidas. O que vemos hoje é dizer que o índio é atrasado, que não possui cultura, que são antigos, mas na verdade os índios têm uma maior percepção da importância da natureza do que nós, que insistimos em acabar com ela construindo arranha céus.

Com isso podemos ter uma noção do que é cultura, ela pode nos mostrar diferentes visões, sendo que sua identidade é única, desde os princípios necessários para a vida. Tomamos como exemplo o comer, em algumas culturas comer insetos é tradição, algo que esta inserida naquela cultura, para eles comer besouro, formiga, minhocas, aranhas, gafanhotos e assim por diante é normal sem preconceitos, para nós esses hábitos não passa de uma loucura. Do mesmo modo o carnaval é visto por outra cultura, uma comemoração que não possui fundamentos ou algo para ser comemorado.

Temos que estar cientes que a cultura não é formada através de livros, diplomas ou inteligência, mas sim, formada através das pessoas que nela estão inseridas, e que cultura está sujeito a mudanças sem que perca a sua identidade.

¹TRIBO = Considerando neste sentido tribo urbana, grupo social na qual a pessoa vive.

² PADERASTIA = Termo da Grécia antiga, cujo os mais velhos ensinava os mais novos.