Em Setembro, postamos aqui um plano de aula baseado no tema: Pluralidade Cultural, no qual o disparador foi a música "Cidadão" do Zé Geraldo.
Agora, utilizando o mesmo tema, postamos uma atividade envolvendo sequência didática.
Pluralidade Cultural
REGIÃO NORDESTE
SEQUÊNCIA DIDÁTICA:
Introdução
Este trabalho aborda um conteúdo pouco ensinado atualmente nas escolas: hábitos e costumes diferenciados por regiões.
O disparador do nosso estudo foi a maneira diferenciada de alguns alunos se expressarem...
Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos sociais e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação.
O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etno cultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade.
Esse tema propõe uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade brasileira, compreender suas relações, marcadas por desigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias, oferecendo elementos para a compreensão de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação. (PCN –Pluralidade Cultura – Apresentação/ Introdução)
PROJETO – CONHECENDO O NORDESTE
Atividade
Desenvolvida para alunos do 5o ano do Ensino Fundamental I
Disciplina
História, Geografia, Artes, Educação Física e Língua Portuguesa, Matemática
Objetivo
Pesquisar a REGIÃO NORDESTE, conhecer hábitos e costumes, dialetos, jogos, brincadeiras, danças, comidas, localização, clima, população etc.
Possibilitar que os alunos percebam as diferenças culturais/sociais entre as regiões.
Mostrar que apesar das diferenças culturais entre as regiões uma contribui com o desenvolvimento da outra e que independente do local de origem as pessoas podem conviver em harmonia.
Tempo:
Aproximadamente 1 semestre
Material necessário:
Letra de músicas, poesias, cordel, dicionário, revistas, jornais, caderno, papel sulfite, lápis de cor, tintas, material reciclável, cola, tesoura, etc.Computador com internet ( para pesquisas)
Estudo de Caso:
A profa Heloisa leciona em uma escola na periferia da Zona Leste de SP, para alunos do 4o ano.
Percebeu que entre seus alunos havia muitos de origem nordestina, entre eles o CICERO despertou muito sua atenção... o menino tem um sotaque acentuado e usa com freqüência palavras típicas de sua região, o que causa um grande alvoroço na turma, uns tem curiosidade para saber o significado, outros acham engraçado.
Cícero sempre esta no centro das atenções, com suas histórias, hábitos e costumes diferentes é muito querido pela turma que se referem a ele como o “Baianinho”.
Toda essa situação despertou a curiosidade da professora, então perguntou a Cícero qual era o seu estado de origem, onde ele nasceu.... e para a surpresa de todos Cícero nasceu em Fortaleza no Ceará e não na Bahia.
A turma ficou animada com o assunto então a professora propôs a elaboração de um conjunto de aulas planejadas. Onde todos pudessem participar de forma direta com pesquisas, jogos, atividades diferenciadas, o uso de diferentes linguagens e gêneros de textos, tudo que permita um aprofundamento gradativo do conhecimento de todos.
Para iniciarmos os trabalhos ficou definido que trabalharemos a região NORDESTE.
Iniciaremos nosso projeto fazendo um Diagnóstico:
Através de um dialogo com as crianças, será solicitado que todos façam uma pesquisa na família e/ou na vizinhança para descobrir se há pessoas que vieram do nordeste (familiares ou não) para morar em São Paulo.....
PERCURSO METODOLÓGICO
1. Escolha do tema por meio da Situação Problema
2. Proposta de entrevista a ser realiza pelos alunos
3. Socialização das entrevistas realizadas pelos alunos e trabalho com mapas / localização das regiões
4. Confecção de um Mini dicionário com as expressões nordestinas coletadas na entrevista
5. Elaboração de Jogo de Palavra Cruzada com base no Mini Dicionário
6. Roda de Conversa embasada na escuta das músicas, poesias e notícias propostas
7. Jogos e Brincadeiras
8. Proposta de pesquisa em grupo – divisão de temas
9. Produto final – Feira Cultural Nordestina / Avaliação
DESENVOLVIMENTO – CRONOGRAMA
1. Escolha do tema
Ø Tempo: 01 aula
Ø Recursos: a própria situação / alunos
Ø Desenvolvimento: o tema foi escolhido por meio de uma situação ocorrida em sala, em que a professora aproveitou uma história de vida de um aluno e o interesse do restante da sala pelo tema, como disparador para o projeto.
2. Proposta de entrevista
Ø Tempo: 05 aulas
Ø Recursos: ficha de entrevista, caneta, gravador, câmera fotográfica.
Ø Desenvolvimento: Os alunos formularão em sala, perguntas para compor a entrevista, que deverá ser realizada com familiares ou pessoas conhecidas que tenham vindo da Região Nordeste. Para isso, a professora dará uma semana.
3. Socialização das entrevistas
Ø Tempo: 01 aula
Ø Recursos: entrevistas dos alunos, mapa do Brasil
Ø Desenvolvimento: Os alunos formarão um círculo e socializarão suas entrevistas. Depois se dividirão em grupos, receberão mapas no Brasil e localizarão a Região Nordeste e os lugares de origem de seus entrevistados.
4. Confecção do Mini dicionário com expressões nordestinas
Ø Tempo: 03 aulas
Ø Recursos: entrevistas, papel e caneta, canetinha, lápis de cor, cartolina.
Ø Desenvolvimento: com os mesmos grupos da atividade anterior,deverão ser escolhidas as expressões que julgarem mais interessante. Depois um representante de cada grupo escreverá na lousa as expressões e seu significados. Todos copiam nos cadernos. A professora propões então, que cada grupo elabora com lista que copiaram um mini dicionário, usando muita criatividade e imaginação.
5. Elaboração do jogo de palavras cruzadas
Ø Tempo: 02 aulas
Ø Recursos: Papel, caneta, cartolina, lápis de cor.
Ø Desenvolvimento: cada grupo deverá escolher de 10 a 12 palavras do Mini dicionário e elaborar um jogo de palavras cruzadas, para que posteriormente, sejam trocados entre os grupos e resolvidos. Pode-se desenhar, fazer em forma de cartaz, etc. Na próxima aula, os grupos trocam os jogos e respondem.
6. Roda de conversa
Ø Tempo: 05 aulas
Ø Recursos: Músicas, notícias e poesias pertinentes à Região Nordeste
Ø Desenvolvimento: durante ma semana, a professora realizará atividades que tragam informações sobre os costumes e cultura do povo nordestino. Serão exibidos filmes, clipes musicais, serão lidas poesias e notícias e ao final de cada atividade haverá uma roda de conversa na qual os alunos socializarão o que observaram. Ao final poderão desenhar, fazer uma redação, etc.
7. Jogos e brincadeiras
Ø Tempo: indeterminado
Ø Recursos: Quadra, papel e caneta.
Ø Desenvolvimento: No período do projeto, os alunos poderão trazer sugestões de jogos e brincadeiras típicos da Região Nordeste. A professora também poderá desenvolver os jogos “Correios dos Estados” e “Telegrama” (conforme anexo)
8. Pesquisas em grupo
Ø Tempo: durante o desenvolvimento do projeto
Ø Recursos: pesquisas na internet, livros, revistas.
Ø Desenvolvimento: Nas primeiras semanas do projeto, quando os alunos forem divididos em grupo, a professora sorteará temas como: danças típicas, pratos típicos, pontos turísticos, informações geográficas (população, clima, relevo, etc). Esses temas deverão ser pesquisados a fim de serem apresentados em uma feira cultural que será o fechamento do projeto. Os grupos poderão trazer fotos, artesanato, apresentar danças.
9. Feira Cultural / Avaliação
Ø Tempo: 02 aulas
Ø Recursos: todo material desenvolvido por meio das pesquisas
Ø Desenvolvimento: Os aluno montarão stands para a apresentação do que pesquisaram. Poderão trazer pratos típicos, artesanatos, fotos, vídeos, apresentação de danças típicas. A avaliação será feita durante todo o projeto, onde a professora acompanhará o desenvolvimento dos alunos através de observações e registros diários.
ANEXOS
A seguir, sugestões que complementam as atividades propostas
Proposta para a entrevista:
O que motivou a vinda para SP?
O que esperava encontrar ?
O que encontrou ao chegar?
Quando chegou já tinha um destino certo ou não?
Como se sentiu em relação as pessoas daqui?
Ø Os alunos deverão solicitar ao entrevistado, que diga algumas palavras e expressões típicas da sua região e seus respectivos significados. Após todos apresentarem suas entrevistas, deverá ser feita uma seleção dessas palavras com o objetivo de se montar um “mini-dicionário” de palavras e expressões nordestinas.
MINI DICIONÁRIO
Confeccionado pelos alunos com palavras e expressões nordestinas.
ABESTADO | Otário, Tolo |
ACUNHAR | Chegar junto |
ADULAR | Agradar, bajular. Fazer a vontade de alguém |
AFEIÇOADO | Pessoa bem aparentada (bonita, arrumada) |
AI DENTO | Resposta a qualquer provocação |
ALFININ | Espécie de rapadura |
ALPERCATA | Sandália de couro |
ALTEAR | Aumentar o volume do som. Subir algo |
ALUMIAR | Iluminar. Projetar luz sobre algo ou alguém |
AMANCEBADO | Amigado, aquele que vive maritalmente com outra |
APETRECHADA | Dotada de beleza física |
APOIS | Expressão de concordância |
ARROCHADO | Valentão |
ARRUDIAR | Dar a volta |
APRAGATA | Alpercata |
APOQUENTAR | Aborrecer, azucrinar, chatear |
ATARENTADO | Aperriado, desnorteado, perdido |
AVEXADO | Apressado |
ABUTICADO | Pessoa espantada, com os olhos vidrados (abuticados) |
BOCA-DE-SUBACO | Pessoa muito calada, bicho do mato |
BANCA | Aula particular fora do curso regular. Reforço escolar |
BANDA | Lado, parte lateral, pedaço |
BILOTO | Botão |
BILA | Bola de gude |
BIGU | Carona, condução gratuita |
BODOSO | Bacana, arrumado |
BANHO SAPECADO | Banho rápido e incompleto |
CARNE MOQUEADA | Carne defumada e salgada |
CIBAZOL | Coisa sem valor. "Não vale um cibazol” |
CAIR CACAU | Chover |
CAPOTE | Casaco |
CANGA | Peça de madeira que une um grupo de bois para o trabalho |
DA BEXIGA | Em grande intensidade. Ex. Estou com uma fome da bexiga |
DESARNAR | Aprender algo, ativar, avivar, deslanchar, despertar |
DESEMBESTADO | Sem rumo |
DIA DOS ANOS | Data do aniversário |
EMBURACAR | Entrar sem pedir licença |
EMPALHANDO | Tomando o tempo de alguém |
ENTROUXADO | Amontoado, bagunçado. Como uma trouxa de roupas |
ESTRIBADO | Cheio da grana |
ENCASQUETAR | Implicar, Peitar, Cismar |
FECHICLER | Ziper |
FARDA | Uniforme escolar |
FUMBAMBENTO | desbotado |
FITA GOMADA | Fita adesiva |
FITEIRO | Quiosque, banca de revista |
FASTIO | Falta de apetite |
GOGA | Deboche |
GAIATO | Engraçado |
GARAPA | Água com açúcar. |
GALINHOTA | Carrinho de mão. |
GALEGO | Loiro |
GAITOSO | Aquele que faz os outros rirem |
HIFEM ARRIADO | Tecla Undescore (“_”) no teclado do computador |
HI-FI | (rai-fai) Música mecânica, proveniente de disco ou fita |
INGEMBRADO | Torto |
ISTRIPULIA | Travessura |
ISPRITADO | Enfurecido |
JABIRACA | Lenço usado no pescoço |
JUNIR | Arremessar, jogar com a mão |
JANTE | Roda metálica que fica no centro dos pneus dos veículos |
LAMBEDOR | Xarope caseiro feito com açúcar queimado e seiva de plantas para curar doenças respiratórias. |
LAMBRETA | Crachá de identificação |
LETRECA | Cafona |
LAPADA | Bofetada, chicotada. De uma vez. Ex. Beber um copo numa lapada, Dose de cachaça (Vou tomar uma lapada) |
LASQUEIRA | Confusão, encrenca, estrago |
MAREADO | Esquecido |
MAIS EU | Comigo |
MACAXEIRA | Mandioca |
MAGOTE | Bando, grupo |
NAS BIMBOCAS | Bem longe |
NAS CARREIRAS | Às pressas |
NUM FRESQUE NAO | Pare com essa brincadeira |
OITCHO | Oito |
OITEIRO | Quintal |
OLHAR O CAROÇO DOS OLHOS | Olhar dentro dos olhos. Conhecer bem a pessoa |
OXENTE | Expressão usada quando a pessoa sente espanto ou surpresa |
PAÇOCA | Farofa feita com carne do sol ou carne-seca |
PAGAR AOS PEDAÇOS | Pagar em parcela |
PILOMBETA | Manjuba - Um tipo de peixe pequeno |
PASSAR UMA SALIVA | Mentir |
PEGAR O CAMINHO DA ROÇA | Ir embora |
QUARAR | Ensaboar roupa esfregando-a bastante e colocá-la ao sol |
QUEIRO | Dente siso, dente do juízo |
QUE SÓ A PESTE | Demais, grande quantidade. Muito. Ex. : “Lá tem gente que só a peste!” |
RESSONAR | Roncar |
REBOLAR NO MATO | Jogar fora, atirar |
REPARE | Olha só! Veja só |
RUMAR | Arremessar, atirar, jogar |
RUMA | Grande porção |
SABACU | Surra |
SALITRE | Sal do mar |
SANGRAR | Transbordar água do açude ou tanque |
SARUÊ | Gambá |
SE BATER | Ter dificuldade para fazer algo |
TÁ COM A GOTA | SERENA - Está agitado ou irritado |
TALAGADA | Porção de bebida que se toma de uma vez |
TAPEAR | Enganar |
TERREIRO | Quintal de fazenda ou sítio |
URUPEMBA | Arupemba, Peneira |
USURA | Ambição, avareza |
VERMINOSO | Fominha (futebol) |
VERDOSO | Fruto que não está bem maduro |
VIGIE | Procure |
VENTA | Nariz |
XEXEIRO | (xêi) Caloteiro. Mal pagador |
XÔXO | Franzino miúdo |
XEXÉU | Indivíduo com o cabelo arrepiado |
ZABUMBA | Dança folclórica acompanhada por tocadores de pífanos e zabumba |
ZERADO | Artigo novo. |
ZUADENTO | Barulhento |
ZOADA | Barulho, confusão, gritaria, zumbido |
ZURUÓ | Alguém desligado |
MÚSICAS:
CIDADÃO
Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
VOZES DA SECA
Composição: Luiz Gonzaga / Zé Dantas
Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cume
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos
É fato histórico. 1953: uma das maiores secas jamais ocorridas no nordeste brasileiro sob o governo de Getúlio Vargas, que decreta ajuda imediata e emergencial do governo federal ao povo sertanejo. O que é glosado imediatamente por Luiz Gonzaga neste memorável baião gravado no mesmo ano.
Exemplo oportuno de que, mesmo sendo um conceito de difícil apreensão por classes sociais mais abastadas, é justamente um artista popular o que vai definir com exatidão o conceito de plena cidadania, onde estabelece uma relação de contrato com o governante, autônoma e independente, e para além do conformismo passivo do assistencialismo demagógico.
Fica patente aqui uma das mais vigorosas afirmações da cidadania brasileira, ao contrário do que muitos intelectuais de esquerda iriam tentar insinuar nos anos de chumbo da década de 60/70 esta figura estelar da MPB que foi Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
POESIAS / CORDEL:
Migrante
Sou das águas retiradas.
Sou do sertão nordestino.
Das caatingas desertei,
Lamentando meu destino.
Pois deixar o meu torrão,
Machucava-me o coração
Causando-me desatino.
Meu dialeto sagrado,
Era motivo de riso.
Era uma rês desgarrada,
Mas seguir era preciso.
Pedi a Deus proteção,
E virgem Conceição,
Para me dar mais juízo.
Não reneguei minha terra,
E jamais renegarei.
De ser filha do Nordeste,
Sempre me orgulharei.
Lamento até ter perdido,
Aquele sotaque antigo,
Que de lá eu carreguei.
Na minha casa nova,
Onde hoje brilha o chão,
Num canto especial,
Avista-se um pilão,
Em outro canto uma rede
Onde embalo com sede,
As saudades do sertão.
Tapioca com manteiga,
Não deixo de comer não.
Numa panela de ferro,
Faço um gostoso baião.
Cabeça de galo e mal-assada,
São iguarias apreciadas,
Com gosto de tradição.
Rezo pra são Francisco,
E padre Cícero Romão.
Pra proteger Ipueiras,
Meu pequenino rincão
Pois é lá minha ribeira,
Onde a linda carnaubeira,
Ao vento lança canções.
Eu vim sem querer vir
Fiquei sem querer ficar,
Mas um dia ainda volto,
A morar no meu Ceará.
Longe da terra amada,
Serei sempre ave arribada
Voando tentando voltar.
Dalinha é uma grande poeta e cordelista cearense. Ocupa cadeira na ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel.culturanordestina.blogspot.com/.../migrante.html
NOTÍCIAS:
Parabéns nordestino! Hoje é o seu dia, 8 de outubro
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O Nordestino é originário das misturas de diversos povos: o branco, representado pelo colonizador português, os invasores estrangeiros e imigrantes diversos; o índio, povo nativo da região, que faziam parte de diversas tribos; e o negro africano, trazido na condição de escravo para trabalhar nas lavouras canavieiras, na industrialização do açúcar, nas fazendas e nas mais diversas atividades braçais. Essa miscigenação fez surgir os mestiços, resultados da união de raças diferentes, dando origem a três variedades: o mulato (preto + branco), o caboclo (branco + índio) e o cafuzo (índio + preto). O resultado da mistura de todos esses povos, aliados às características da terra, do clima e às condicionantes econômicas, acabou formando a população nordestina atual e conferindo a ela um sentido de luta e o desejo e a certeza de vencer. Apesar, muitas vezes, das adversidades do tempo e da terra, o nordestino conserva os costumes, tradições e história, através do artesanato, artes plásticas, arquitetura, música e preservação dos seus monumentos históricos. É visível seu apego às tradições mais remotas e a um folclore belíssimo e bastante variado, de acordo com os contrastes existentes nos vários Estados da região Nordeste. Ele jamais esquece a terra onde nasceu. Às vezes, devido às adversidades do tempo ou a situações econômicas desfavoráveis, são obrigados a emigrar para outras regiões do país. Mas sempre que podem e as condições de vida mudam, voltam para os seus familiares e amigos e para a "terra querida". Alguns tipos de pessoas são muito comuns no nordeste. Os mais conhecidos nacionalmente de acordo com as habilidades adquiridas são: os sertanejos, os vaqueiros, os repentistas e os jangadeiros.
O sertanejo é exemplo de bravura e possui uma das mais expressivas culturas artesanais do país. Está sempre preocupado com a seca, uma vez que, com maior ou menor intensidade, ela sempre ocorre. É conhecido como trabalhador, amigo sincero e leal, respeitador, mas é também um homem destemido, que "não leva desaforo prá casa". É conhecido como "cabra macho" e é a representação imediata da coragem, força e resistência. Sua valentia é contada em prosa e verso. Os vaqueiros são trabalhadores que, montados em seu cavalo, cuidam do gado. Para protegerem-se dos arbustos e espinhos da vegetação local usam uma vestimenta característica: chapéu de couro, gibão de couro curtido, calças-perneiras justas e luvas. Os violeiros ou repentistas são cantadores de viola que têm muita habilidade para compor versos de improviso. São muito respeitados e admirados em todo o Estado. Algumas de suas cantorias são verdadeiras obras primas de nossa literatura. Os Jangadeiros são trabalhadores típicos do litoral. Passam a maior parte do tempo em alto mar à procura do peixe, que serve de alimento para a família e é a fonte de renda para o seu sustento. Geralmente moram em casas simples, construídas perto da praia. Mas o nordeste também é povoado de outras pessoas típicas, como as rendeiras, os agricultores, os "coronéis" (em extinção), os beatos, os retirantes, os matutos, os canavieiros, etc. São ainda nordestinas algumas figuras das mais expressivas tais como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Gilberto Freire, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, José de Alencar, Jorge Amado, Ariano Suassuna, Luiz da Câmara Cascudo, Luiz Gonzaga, Fagner, Zé Ramalho, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Chico César, André Vidal de Negreiros, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, Raquel de Queiroz, Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto, Zé da Luz, Patativa do Assaré, Sivuca, Capiba, Jessier Quirino e muitos outros expoentes que enriquecem ou enriqueceram o cenário brasileiro e, até, internacional. Enfim, "o nordestino é, antes de tudo, um forte", já dizia Euclides da Cunha. Mas faltou também dizer que é um povo resistente, que vence todo tipo de dificuldade, faz piadas e ri, muitas vezes, de sua própria desgraça, mas não se entrega. Também é mulherengo e não rejeita uma boa dose de cachaça. Continua compondo suas canções e tudo é motivo de festas. As oportunidades, aliás, não faltam. Festas quando as chuvas caem no sertão, trazendo fartura e prenúncio de dias melhores; festas nos rituais de cantorias nas safras; festas nas celebrações de noivado e casamentos nas roças; festas de padroeiras, etc. Até dia de eleição é motivo de festa. Por iniciativa do vereador Francisco Chagas (PT-SP), a comunidade nordestina de São Paulo comemora, no dia 8 de outubro, o DIA DO NORDESTINO. A Lei 14.952/2009 fixa a data em homenagem ao centenário do nascimento de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, poeta popular, compositor e cantor cearense. Além de ser a data em que se comemora o Dia do Nordestino, na Região Nordeste, em homenagem a Catullo da Paixão Cearense. |
JOGOS:
Correio dos Estados
Objetivo: Agilidade, coordenação, velocidade
Material: giz
O professor pedirá aos alunos que se coloquem em pé, formando um grande circulo.
Cada lugar será demarcado com giz, levando o nome de um estado.
No centro do círculo, ficará um aluno, que não representa nenhum estado. O professor dirá, por exemplo: “Correio entre São Paulo e Piauí”.
Os alunos, que representam esses estados, trocarão de lugares antes que o aluno do centro ocupe um dos lugares vago.
Se o aluno do centro conseguir ocupar o lugar de um dos estados, ele passará a ser o seu representante, enquanto que o outro aluno ocupará o meio do circulo, esperando outra ordem do professor, que indicará novo movimento de correio.
O TELEGRAMA
Objetivo: Criatividade
Material: papéis, lápis
O professor pedirá que os alunos encostem as cadeiras nas paredes da sala de aula.
Ele dividirá a turma em dois grupos e, os colocará sentados, formando dois círculos , com os alunos segurando uma folha de papel e um lápis.
O professor escolherá uma palavra de 8 a 10 letras.
Cada letra desta palavra será na ordem, as iniciais das palavras que formarão um telegrama, que será redigido por cada grupo, num tempo determinado pelo professor.
Será vencedora a equipe que formular o melhor telegrama, que será escolhido pelo professor.
O professor poderá variar a brincadeira, dividindo a turma em grupos menores ou até fazer com que o telegrama seja formulado individualmente.
LIVRO: Recreação na sala de aula de 5a a 8a série
2a Edição / 1997 - págs. 29 e 82
Elizabeth Nascimento Silva
Desenvolvimento/ Etapas:
· 1ª etapa:
§ Fazer uma roda de conversa, onde será socializado os conhecimentos prévios
- Ouvir músicas, poesias, notícias.
- Localizar a Região Nordeste no mapa.
- Discutir sobre as observações iniciais, como dimensão das regiões, costumes, etc.
- Propor que cada sala através de sorteio tenha a tarefa de trazer para a próxima aula uma pesquisa sobre um determinado estado que pertença a Região Nordeste, com hábitos alimentares, cultura, jogos, danças típicas, etc.
· 2ª etapa:
- Socialização das pesquisas em sala.
- Distribuir tarefas, dividir a sala em grupos.
- Cada grupo ficará encarregado de desenvolver um tema: Poesia / Dicionário / Jogos e Brincadeiras, etc
· 3ª etapa:
- Em sala de aula os grupos desenvolverão seus temas, fazendo registro de todo o processo, através de redações, textos, desenhos, poesias, obras de arte...
· 4ª etapa:
§ Apresentação dos grupos
· 5ª etapa:
§ Socialização dos conhecimentos adquiridos
· 6ª etapa: avaliação
- A avaliação será feita através da participação dos alunos durante a realização das tarefas.
- Será feito uma socialização com todas as salas, para discussão dos temas abordados durante o projeto.
- E para finalizar esse tema, os grupos deverão montar uma feira cultural, com “stands”, para expor objetos, pratos típicos, fotos, etc.