sábado, 4 de dezembro de 2010

Comênio - O pai da didática moderna

As idéias e pensamentos de Comenio são muito citadas nas aulas ministradas pela professora Gílcia, e por isso achamos interessante acrescentar essa matéria que explica com um pouco mais de detalhes quem foi esse filósofo.


Comênio - O pai da didática moderna

O filósofo tcheco combateu o sistema medieval, defendeu o ensino de "tudo para todos" e foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência e os sentimentos da criança

Quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas de ensino. Também acreditamos que o direito de todas as pessoas  absolutamente todas  à educação é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato, essas idéias se consagraram apenas no século 20, e assim mesmo não em todos os lugares do mundo. Mas elas já eram defendidas em pleno século 17 por Comênio (1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação.
A obra mais importante de Comênio, Didactica Magna, marca o início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente. A obra, à qual o autor se dedicou ao longo de sua vida, tinha grande ambição. "Comênio chama sua didática de magna porque ele não queria uma obra restrita, localizada", diz João Luiz Gasparin, professor do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá. "Ela tinha de ser grande, como o mundo que estava sendo descoberto naquele momento, com a expansão do comércio e das navegações."

 
 Gravura do próprio Comênio para um
de seus livros de texto: aprender brincando.
Foto: HULTON ARCHIVE/Getty Images


No livro, o pensador realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria didática até as questões do cotidiano da sala de aula. A prática escolar, para ele, deveria imitar os processos da natureza. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança. O professor passaria a ser visto como um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades.

Ruptura com a escolástica
Comênio era cristão protestante e pertencia ao grupo religioso Irmãos Boêmios, ao qual se manteve vinculado por toda a vida, tornando-se, em 1648, bispo dos morávios. Embora profundamente religioso, o pensador propôs uma ruptura radical com o modelo de escola até então praticado pela Igreja Católica, aquele voltado apenas para a elite e dedicado primordialmente aos estudos abstratos. Ainda vigoravam as doutrinas escolásticas da Idade Média, pelas quais todas as questões teóricas se subordinavam à teologia cristã.

Biografia
O nome Comênio é o aportuguesamento da assinatura latina (Comenius) de Jan Amos Komensky, nascido em 1592 em Nivnice, Morávia (então domínio dos Habsburgos, hoje República Tcheca). O pensador Comênio foi filho único de um casal de membros do grupo protestante Irmãos Boêmios. Na Universidade de Heidelberg (Alemanha), se entusiasmou com as idéias de filósofos que criavam uma concepção de ciência baseada no empirismo. Seguiu carreira religiosa e teve de fugir para a Polônia quando, no início da Guerra dos 30 Anos, em 1618, o rei Ferdinando II decidiu reimpor o catolicismo na Boêmia. Sua revolta com a situação o levou a escrever obras filosóficas e pedagógicas satirizando a ordem vigente e propondo mudanças radicais. Essas idéias seduziram pensadores da Inglaterra, que o convidaram a trabalhar no país, mas o projeto foi abortado pela eclosão da Guerra Civil Inglesa, em 1642. Tentativas de reforma escolar a pedido dos governos da Suécia e da Hungria acabaram fracassando  em parte por causa da insistência do pensador em divulgar sua "pansofia", sem sucesso  e ele voltou para a Polônia. Comênio teve novamente de fugir de uma guerra civil e estabeleceu-se em Amsterdã, onde permaneceu até morrer, em 1670. Por essa época, seus livros de texto ilustrados para o aprendizado de línguas e ciências tinham se tornado uma bem-sucedida novidade nas escolas da Europa.

Comênio não foi o único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da educação. "Ele defendia o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e comerciar", diz Gasparin. Comênio respondia assim a duas urgências de seu tempo: o aparecimento da burguesia mercantil nas cidades européias e o direito, reivindicado pelos protestantes, à livre interpretação dos textos religiosos, proibida pela Igreja Católica.
A obra de Comênio corresponde também a outras novidades, entre elas "o despertar de uma nova concepção de criança", como diz Gasparin. "Ele a trata em seus livros com muita delicadeza, num tempo em que a escola existia sob a égide da palmatória", continua o professor. "A educação era vista e praticada como um castigo e não oferecia elementos para que depois as pessoas se situassem de forma mais ampla na sociedade. Comênio reagiu a esse quadro com uma pergunta: por que não se aprende brincando?"

Salvação da alma
Sob influência de seitas protestantes e do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), Comênio acreditava que a salvação da alma poderia ser alcançada durante a vida terrena e que o caminho para isso poderia ter a ajuda da ciência. Para ele, a criatura humana correspondia ao ideal de perfeição. Comênio acreditava que, por ser dotado de razão, o homem pode entender a si e a todas as coisas. Portanto, deve se dedicar a aprender e a ensinar. Seguindo esse pensamento, Comênio conclui que o mais importante na vida não é a contemplação e sim a ação, o "fazer".




Para pensar

Gráficos do século 16 na Itália, em gravura da
época: a técnica a serviço do saber.
Foto: Rischgitz/Getty Images

A maior contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o professor Gasparin, a idéia de "trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios tecnológicos mais avançados à disposição". De tão fascinado pela invenção da imprensa e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que ela representava, Comênio criou a expressão "didacografia" para designar o método universal de ensino que ele pretendia inaugurar. Nos dias de hoje, a tecnologia da informação seria capaz de realizar essa revolução? Qual é sua opinião?

No pensamento humanista do pedagogo tcheco, a instrução e o trabalho diferenciavam o homem burguês do homem feudal. Em sua trajetória, o novo indivíduo deveria imitar a natureza, porque, emulando Deus e respeitando as aptidões de cada um, não haveria possibilidade de erro. De Bacon, Comênio adotou o método empírico de explorar o mundo, em contraposição às verdades impostas pelo ensino medieval. Pela experimentação, ele acreditava que todos poderiam vir a enxergar a harmonia do universo sob o caos aparente. "Comênio queria mudar a escola com a didática e a sociedade com a educação", diz Gasparin. "Era um grande idealista."

Em busca da harmonia universal
Comênio viveu a maior parte da vida cercado de guerras. Algumas delas, como a Guerra dos 30 Anos, de protestantes contra católicos, lhe diziam respeito diretamente. Toda sua obra foi marcada profundamente por isso, uma vez que o fim último de seu pensamento era a compreensão universal, que uniria toda a humanidade. Ele perseguiu desde a juventude a unificação da totalidade do conhecimento humano, porque imaginava que ele era finito e imutável. A construção de uma enciclopédia do saber e sua adaptação às capacidades infantis são o grande tema da pedagogia de Comênio, e para sustentá-la ele criou uma base filosófica que denominou "pansofia", a procura de um princípio básico que harmonizasse todo o saber. Ao contrário de seu pensamento educacional, que suscitou interesse pela Europa afora, a pansofia não teve seguidores.

Quer saber mais?
Comênio: A Emergência da Modernidade na Educação, João Luiz Gasparin, 147 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2246-5552, 20 reaisComenius: a Persistência da Utopia em Educação, Wojciech A. Kulesza, 214 págs., Ed. Unicamp, tel. (19) 3521-7718 (edição esgotada)

REVISTA NOVA ESCOLA - Edição Especial | Outubro 2008

SEQUÊNCIA DIDÁTICA - PLURALIDADE CULTURAL - REGIÃO NORDESTE

Em Setembro, postamos aqui um plano de aula baseado no tema: Pluralidade Cultural, no qual o disparador foi a música "Cidadão" do Zé Geraldo.
Agora, utilizando o mesmo tema, postamos uma atividade envolvendo sequência didática.  




Sequência Didática


  
Pluralidade Cultural
REGIÃO NORDESTE






SEQUÊNCIA DIDÁTICA:

Introdução
Este trabalho aborda um conteúdo pouco ensinado atualmente nas escolas: hábitos e costumes diferenciados por regiões.
O disparador do nosso estudo foi a maneira diferenciada de alguns alunos se expressarem...

Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos sociais e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação.
O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etno cultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade.
Esse tema propõe uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade brasileira, compreender suas relações, marcadas por desigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias, oferecendo elementos para a compreensão de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como expressão da diversidade, respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação. (PCN –Pluralidade  Cultura – Apresentação/ Introdução)


PROJETO – CONHECENDO O NORDESTE
Atividade
Desenvolvida para alunos do 5o ano do Ensino Fundamental I


Disciplina
História, Geografia, Artes, Educação Física e Língua Portuguesa, Matemática

Objetivo
Pesquisar a REGIÃO NORDESTE, conhecer hábitos e costumes, dialetos, jogos, brincadeiras, danças, comidas, localização,  clima, população etc.
Possibilitar que os alunos percebam as diferenças culturais/sociais entre as regiões.
Mostrar que apesar das diferenças culturais entre as regiões uma contribui com o desenvolvimento da outra e que independente do local de origem as pessoas podem conviver em harmonia.

Tempo:
Aproximadamente 1 semestre



Material necessário:
Letra de músicas, poesias, cordel, dicionário, revistas, jornais, caderno, papel sulfite, lápis de cor, tintas, material reciclável, cola, tesoura, etc.Computador com internet ( para pesquisas)


Estudo de Caso:
A profa Heloisa leciona em uma escola na periferia da Zona Leste de SP, para alunos do 4o ano.
Percebeu que entre seus alunos havia muitos de origem nordestina, entre eles o CICERO despertou muito sua atenção... o menino tem um sotaque acentuado e usa com freqüência palavras típicas de sua região, o que causa um grande alvoroço na turma, uns tem  curiosidade para saber o significado, outros acham engraçado.
Cícero sempre esta no centro das atenções, com suas histórias, hábitos e costumes diferentes é muito querido pela turma que se referem a ele como o “Baianinho”.

Toda essa situação despertou a curiosidade da professora, então perguntou a Cícero qual era o seu estado de origem, onde ele nasceu.... e para a surpresa de todos Cícero nasceu em Fortaleza no Ceará e não na Bahia.

A turma ficou animada com o assunto então a professora propôs a elaboração de um conjunto de aulas planejadas. Onde todos pudessem participar de forma direta com pesquisas, jogos, atividades diferenciadas, o uso de diferentes linguagens e gêneros de textos, tudo que permita um aprofundamento gradativo do conhecimento de todos.

Para iniciarmos os trabalhos ficou definido que trabalharemos a região NORDESTE.

Iniciaremos nosso projeto fazendo um Diagnóstico:
Através de um dialogo com as crianças, será solicitado que todos façam uma pesquisa na família e/ou na vizinhança para descobrir se há pessoas que vieram do nordeste (familiares ou não) para morar em São Paulo.....

PERCURSO METODOLÓGICO

1.      Escolha do tema por meio da Situação Problema
2.      Proposta de entrevista a ser realiza pelos alunos
3.      Socialização das entrevistas realizadas pelos alunos e trabalho com mapas / localização das regiões
4.      Confecção de um Mini dicionário com as expressões nordestinas coletadas na entrevista
5.      Elaboração de Jogo de Palavra Cruzada com base no Mini Dicionário
6.      Roda de Conversa embasada na escuta das músicas, poesias e notícias propostas
7.      Jogos e Brincadeiras
8.      Proposta de pesquisa em grupo – divisão de temas
9.      Produto final – Feira Cultural Nordestina / Avaliação



DESENVOLVIMENTO – CRONOGRAMA

1. Escolha do tema
Ø      Tempo: 01 aula
Ø      Recursos: a própria situação / alunos
Ø      Desenvolvimento: o tema foi escolhido por meio de uma situação ocorrida em sala, em que a professora aproveitou uma história de vida de um aluno e o interesse do restante da sala pelo tema, como disparador para o projeto.

2. Proposta de entrevista
Ø      Tempo: 05 aulas
Ø      Recursos: ficha de entrevista, caneta, gravador, câmera fotográfica.
Ø      Desenvolvimento: Os alunos formularão em sala, perguntas para compor a entrevista, que deverá ser realizada com familiares ou pessoas conhecidas que tenham vindo da Região Nordeste. Para isso, a professora dará uma semana.

3. Socialização das entrevistas
Ø      Tempo: 01 aula
Ø      Recursos: entrevistas dos alunos, mapa do Brasil
Ø      Desenvolvimento: Os alunos formarão um círculo e socializarão suas entrevistas. Depois se dividirão em grupos, receberão mapas no Brasil e localizarão a Região Nordeste e os lugares de origem de seus entrevistados.

4. Confecção do Mini dicionário com expressões nordestinas
Ø      Tempo: 03 aulas
Ø      Recursos: entrevistas, papel e caneta, canetinha, lápis de cor, cartolina.
Ø      Desenvolvimento: com os mesmos grupos da atividade anterior,deverão ser escolhidas as expressões que julgarem  mais interessante. Depois um representante de cada grupo escreverá na lousa as expressões e seu significados. Todos copiam nos cadernos. A professora propões então, que cada grupo elabora com lista que copiaram um mini dicionário, usando muita criatividade e imaginação.

5. Elaboração do jogo de palavras cruzadas
Ø      Tempo: 02 aulas
Ø      Recursos: Papel, caneta, cartolina, lápis de cor.
Ø      Desenvolvimento: cada grupo deverá escolher de 10 a 12 palavras do Mini dicionário e elaborar um jogo de palavras cruzadas, para que posteriormente, sejam trocados entre os grupos e resolvidos. Pode-se desenhar, fazer em forma de cartaz, etc. Na próxima aula, os grupos trocam os jogos e respondem.


6. Roda de conversa
Ø      Tempo: 05 aulas
Ø      Recursos: Músicas, notícias e poesias pertinentes à Região Nordeste
Ø      Desenvolvimento: durante ma semana, a professora realizará atividades que tragam informações sobre os costumes e cultura do povo nordestino. Serão exibidos filmes, clipes musicais, serão lidas poesias e notícias e ao final de cada atividade haverá uma roda de conversa na qual os alunos socializarão o que observaram. Ao final poderão desenhar, fazer uma redação, etc.

7. Jogos e brincadeiras
Ø      Tempo: indeterminado
Ø      Recursos: Quadra, papel e caneta.
Ø      Desenvolvimento: No período do projeto, os alunos poderão trazer sugestões de jogos e brincadeiras típicos da Região Nordeste. A professora também poderá desenvolver os jogos “Correios dos Estados” e “Telegrama” (conforme anexo)

8. Pesquisas em grupo
Ø      Tempo: durante o desenvolvimento do projeto
Ø      Recursos: pesquisas na internet, livros, revistas.
Ø      Desenvolvimento: Nas primeiras semanas do projeto, quando os alunos forem divididos em grupo, a professora sorteará temas como: danças típicas, pratos típicos, pontos turísticos, informações geográficas (população, clima, relevo, etc). Esses temas deverão ser pesquisados a fim de serem apresentados em uma feira cultural que será o fechamento do projeto. Os grupos poderão trazer fotos, artesanato, apresentar danças.

9. Feira Cultural / Avaliação
Ø      Tempo: 02 aulas
Ø      Recursos: todo material desenvolvido por meio das pesquisas
Ø      Desenvolvimento: Os aluno montarão stands para a apresentação do que pesquisaram. Poderão trazer pratos típicos, artesanatos, fotos, vídeos, apresentação de danças típicas. A avaliação será feita durante todo o projeto, onde a professora acompanhará o desenvolvimento dos alunos através de observações e registros diários.








ANEXOS

A seguir, sugestões que complementam as atividades propostas

Proposta para a entrevista:
O que motivou a vinda para SP?
O que esperava encontrar ?
O que encontrou ao chegar?
Quando chegou já tinha um destino certo ou não?
Como se sentiu em relação as pessoas daqui?
Ø        Os alunos deverão solicitar ao entrevistado, que diga algumas palavras e expressões típicas da sua região e seus respectivos significados. Após todos apresentarem suas entrevistas, deverá ser feita uma seleção dessas palavras com o objetivo de se montar um “mini-dicionário” de palavras e expressões nordestinas.



MINI DICIONÁRIO

Confeccionado pelos alunos com palavras e expressões nordestinas.

 

ABESTADO
Otário, Tolo
ACUNHAR
Chegar junto
ADULAR
Agradar, bajular. Fazer a vontade de alguém
AFEIÇOADO
Pessoa bem aparentada (bonita, arrumada)
AI DENTO
Resposta a qualquer provocação
ALFININ
Espécie de rapadura
ALPERCATA
Sandália de couro
ALTEAR
Aumentar o volume do som. Subir algo
ALUMIAR
Iluminar. Projetar luz sobre algo ou alguém
AMANCEBADO
Amigado, aquele que vive maritalmente com outra
APETRECHADA
Dotada de beleza física
APOIS
Expressão de concordância
ARROCHADO
Valentão
ARRUDIAR
Dar a volta
APRAGATA
Alpercata
APOQUENTAR
Aborrecer, azucrinar, chatear
ATARENTADO
Aperriado, desnorteado, perdido
AVEXADO
Apressado
ABUTICADO
Pessoa espantada, com os olhos vidrados  (abuticados)
BOCA-DE-SUBACO
Pessoa muito calada, bicho do mato
BANCA
Aula particular fora do curso regular. Reforço escolar
BANDA
Lado, parte lateral, pedaço
BILOTO
Botão
BILA
Bola de gude
BIGU  
Carona, condução gratuita
BODOSO
 Bacana, arrumado
BANHO SAPECADO
Banho rápido e incompleto
CARNE MOQUEADA
Carne defumada e salgada
CIBAZOL
Coisa sem valor. "Não vale um cibazol”
CAIR CACAU
Chover
CAPOTE
Casaco
CANGA  
Peça de madeira que une um grupo de bois para o trabalho
DA BEXIGA
Em grande intensidade. Ex. Estou com uma fome da bexiga
DESARNAR
Aprender algo, ativar, avivar, deslanchar, despertar
DESEMBESTADO
Sem rumo
DIA DOS ANOS
Data do aniversário
EMBURACAR
Entrar sem pedir licença
EMPALHANDO
Tomando o tempo de alguém
ENTROUXADO
Amontoado, bagunçado. Como uma trouxa de roupas
ESTRIBADO
Cheio da grana
ENCASQUETAR
Implicar, Peitar, Cismar
FECHICLER
Ziper
FARDA
Uniforme escolar
FUMBAMBENTO
desbotado
FITA GOMADA
Fita adesiva
FITEIRO
Quiosque, banca de revista
FASTIO
Falta de apetite
GOGA
Deboche
GAIATO
Engraçado
GARAPA
Água com açúcar.
GALINHOTA
Carrinho de mão.
GALEGO
Loiro
GAITOSO
Aquele que faz os outros rirem
HIFEM ARRIADO
 Tecla Undescore (“_”) no teclado do computador
HI-FI
(rai-fai) Música mecânica, proveniente de disco ou fita
INGEMBRADO
Torto
ISTRIPULIA
Travessura
ISPRITADO
Enfurecido
JABIRACA
 Lenço usado no pescoço
JUNIR
Arremessar, jogar com a mão
JANTE
Roda metálica que fica no centro dos pneus dos veículos
LAMBEDOR
Xarope caseiro feito com açúcar queimado e seiva de plantas para curar doenças respiratórias.
LAMBRETA
Crachá de identificação
LETRECA
Cafona
LAPADA
Bofetada, chicotada. De uma vez. Ex. Beber um copo numa lapada, Dose de cachaça (Vou tomar uma lapada)
LASQUEIRA
Confusão, encrenca, estrago
MAREADO
Esquecido
MAIS EU
Comigo
MACAXEIRA
Mandioca
MAGOTE
Bando, grupo
NAS BIMBOCAS
Bem longe
NAS CARREIRAS
Às pressas
NUM FRESQUE NAO
Pare com essa brincadeira
OITCHO
Oito
OITEIRO
Quintal
OLHAR O CAROÇO DOS OLHOS
Olhar dentro dos olhos. Conhecer bem a pessoa
OXENTE
Expressão usada quando a pessoa sente espanto ou surpresa
PAÇOCA
Farofa feita com carne do sol ou carne-seca
PAGAR AOS PEDAÇOS
 Pagar em parcela
PILOMBETA
Manjuba -  Um tipo de peixe pequeno
PASSAR UMA SALIVA
Mentir
PEGAR O CAMINHO DA ROÇA
Ir embora
QUARAR
 Ensaboar roupa esfregando-a bastante e colocá-la ao sol
QUEIRO
Dente siso, dente do juízo
QUE SÓ A PESTE
Demais, grande quantidade. Muito. Ex. : “Lá tem gente que só a peste!”
RESSONAR
Roncar
REBOLAR NO MATO
Jogar fora, atirar
REPARE
Olha só! Veja só
RUMAR
 Arremessar, atirar, jogar
RUMA
Grande porção
SABACU
Surra
SALITRE
 Sal do mar
SANGRAR
Transbordar água do açude ou tanque
SARUÊ
Gambá
SE BATER
 Ter dificuldade para fazer algo
TÁ COM A GOTA
SERENA - Está agitado ou irritado
TALAGADA
Porção de bebida que se toma de uma vez
TAPEAR
Enganar
TERREIRO
 Quintal de fazenda ou sítio
URUPEMBA
Arupemba, Peneira
USURA
Ambição, avareza
VERMINOSO
Fominha (futebol)
VERDOSO
Fruto que não está bem maduro
VIGIE
Procure
VENTA
Nariz
XEXEIRO
 (xêi) Caloteiro. Mal pagador
XÔXO
Franzino miúdo
XEXÉU
Indivíduo com o cabelo arrepiado
ZABUMBA
Dança folclórica acompanhada por tocadores de pífanos e zabumba
ZERADO
Artigo novo.
ZUADENTO
Barulhento
ZOADA
 Barulho, confusão, gritaria, zumbido
ZURUÓ
Alguém desligado






MÚSICAS:
CIDADÃO
Zé Geraldo - Composição: Lucio Barbosa
Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar


VOZES DA SECA

Composição: Luiz Gonzaga / Zé Dantas
Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cume
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos
É fato histórico. 1953: uma das maiores secas jamais ocorridas no nordeste brasileiro sob o governo de Getúlio Vargas, que decreta ajuda imediata e emergencial do governo federal ao povo sertanejo. O que é glosado imediatamente por Luiz Gonzaga neste memorável baião gravado no mesmo ano.
Exemplo oportuno de que, mesmo sendo um conceito de difícil apreensão por classes sociais mais abastadas, é justamente um artista popular o que vai definir com exatidão o conceito de plena cidadania, onde estabelece uma relação de contrato com o governante, autônoma e independente, e para além do conformismo passivo do assistencialismo demagógico.
Fica patente aqui uma das mais vigorosas afirmações da cidadania brasileira, ao contrário do que muitos intelectuais de esquerda iriam tentar insinuar nos anos de chumbo da década de 60/70 esta figura estelar da MPB que foi Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.


POESIAS / CORDEL:

 

Migrante 








Sou das águas retiradas.
Sou do sertão nordestino.
Das caatingas desertei,
Lamentando meu destino.
Pois deixar o meu torrão,
Machucava-me o
coração
Causando-me desatino.

Meu dialeto sagrado,
Era motivo de riso.
Era uma rês desgarrada,
Mas seguir era preciso.
Pedi a Deus proteção,
E virgem Conceição,
Para me dar mais juízo.

Não reneguei minha terra,
E jamais renegarei.
De ser
filha do Nordeste,
Sempre me orgulharei.
Lamento até ter perdido,
Aquele sotaque antigo,
Que de lá eu carreguei.

Na minha casa nova,
Onde hoje brilha o chão,
Num canto especial,
Avista-se um pilão,
Em outro canto uma rede
Onde embalo com sede,
As saudades do sertão.

Tapioca com manteiga,
Não deixo de comer não.
Numa panela de ferro,
Faço um gostoso baião.
Cabeça de galo e mal-assada,
São iguarias apreciadas,
Com gosto de
tradição.

Rezo pra são Francisco,
E padre Cícero Romão.
Pra proteger Ipueiras,
Meu pequenino rincão
Pois é lá minha ribeira,
Onde a linda carnaubeira,
Ao vento lança canções.

Eu vim sem querer vir
Fiquei sem querer ficar,
Mas um dia ainda volto,
A morar no meu Ceará.
Longe da terra amada,
Serei sempre ave arribada
Voando tentando voltar.

Dalinha é uma grande poeta e cordelista cearense. Ocupa cadeira na ABLC – Academia Brasileira d
e Literatura de Cordel.
culturanordestina.blogspot.com/.../migrante.html










NOTÍCIAS:

Parabéns nordestino! Hoje é o seu dia, 8 de outubro 






O Nordestino é originário das misturas de diversos povos: o branco, representado pelo colonizador português, os invasores estrangeiros e imigrantes diversos; o índio, povo nativo da região, que faziam parte de diversas tribos; e o negro africano, trazido na condição de escravo para trabalhar nas lavouras canavieiras, na industrialização do açúcar, nas fazendas e nas mais diversas atividades braçais.
Essa miscigenação fez surgir os mestiços, resultados da união de raças diferentes, dando origem a três variedades: o mulato (preto + branco), o caboclo (branco + índio) e o cafuzo (índio + preto).
O resultado da mistura de todos esses povos, aliados às características da terra, do clima e às condicionantes econômicas, acabou formando a população nordestina atual e conferindo a ela um sentido de luta e o desejo e a certeza de vencer.
Apesar, muitas vezes, das adversidades do tempo e da terra, o nordestino conserva os costumes, tradições e história, através do artesanato, artes plásticas, arquitetura, música e preservação dos seus monumentos históricos. É visível seu apego às tradições mais remotas e a um folclore belíssimo e bastante variado, de acordo com os contrastes existentes nos vários Estados da região Nordeste. Ele jamais esquece a terra onde nasceu. Às vezes, devido às adversidades do tempo ou a situações econômicas desfavoráveis, são obrigados a emigrar para outras regiões do país. Mas sempre que podem e as condições de vida mudam, voltam para os seus familiares e amigos e para a "terra querida".
Alguns tipos de pessoas são muito comuns no nordeste. Os mais conhecidos nacionalmente de acordo com as habilidades adquiridas são: os sertanejos, os vaqueiros, os repentistas e os jangadeiros.

O sertanejo é exemplo de bravura e possui uma das mais expressivas culturas artesanais do país. Está sempre preocupado com a seca, uma vez que, com maior ou menor intensidade, ela sempre ocorre. É conhecido como trabalhador, amigo sincero e leal, respeitador, mas é também um homem destemido, que "não leva desaforo prá casa". É conhecido como "cabra macho" e é a representação imediata da coragem, força e resistência. Sua valentia é contada em prosa e verso.
Os vaqueiros são trabalhadores que, montados em seu cavalo, cuidam do gado. Para protegerem-se dos arbustos e espinhos da vegetação local usam uma vestimenta característica: chapéu de couro, gibão de couro curtido, calças-perneiras justas e luvas.
Os violeiros ou repentistas são cantadores de viola que têm muita habilidade para compor versos de improviso. São muito respeitados e admirados em todo o Estado. Algumas de suas cantorias são verdadeiras obras primas de nossa literatura.
Os Jangadeiros são trabalhadores típicos do litoral. Passam a maior parte do tempo em alto mar à procura do peixe, que serve de alimento para a família e é a fonte de renda para o seu sustento. Geralmente moram em casas simples, construídas perto da praia.
Mas o nordeste também é povoado de outras pessoas típicas, como as rendeiras, os agricultores, os "coronéis" (em extinção), os beatos, os retirantes, os matutos, os canavieiros, etc. São ainda nordestinas algumas figuras das mais expressivas tais como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Gilberto Freire, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, José de Alencar, Jorge Amado, Ariano Suassuna, Luiz da Câmara Cascudo, Luiz Gonzaga, Fagner, Zé Ramalho, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Chico César, André Vidal de Negreiros, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, Raquel de Queiroz, Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto, Zé da Luz, Patativa do Assaré, Sivuca, Capiba, Jessier Quirino e muitos outros expoentes que enriquecem ou enriqueceram o cenário brasileiro e, até, internacional.
Enfim, "o nordestino é, antes de tudo, um forte", já dizia Euclides da Cunha. Mas faltou também dizer que é um povo resistente, que vence todo tipo de dificuldade, faz piadas e ri, muitas vezes, de sua própria desgraça, mas não se entrega. Também é mulherengo e não rejeita uma boa dose de cachaça. Continua compondo suas canções e tudo é motivo de festas. As oportunidades, aliás, não faltam. Festas quando as chuvas caem no sertão, trazendo fartura e prenúncio de dias melhores; festas nos rituais de cantorias nas safras; festas nas celebrações de noivado e casamentos nas roças; festas de padroeiras, etc. Até dia de eleição é motivo de festa.
Por iniciativa do vereador Francisco Chagas (PT-SP), a comunidade nordestina de São Paulo comemora, no dia 8 de outubro, o DIA DO NORDESTINO. A Lei 14.952/2009 fixa a data em homenagem ao centenário do nascimento de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, poeta popular, compositor e cantor cearense. Além de ser a data em que se comemora o Dia do Nordestino, na Região Nordeste, em homenagem a Catullo da Paixão Cearense.



JOGOS:

Correio dos Estados

Objetivo: Agilidade, coordenação, velocidade
Material: giz

O professor pedirá aos alunos que se coloquem em pé, formando um grande circulo.
Cada lugar será demarcado com giz, levando o nome de um estado.
No centro do círculo, ficará um aluno, que não representa nenhum estado. O professor dirá, por exemplo: “Correio entre São Paulo e Piauí”.
Os alunos, que representam esses estados, trocarão de lugares antes que o aluno do centro ocupe um dos lugares vago.
Se o aluno do centro conseguir ocupar o lugar de um dos estados, ele passará a ser o seu representante, enquanto que o outro aluno ocupará o meio do circulo, esperando outra ordem do professor, que indicará novo movimento de correio.


O TELEGRAMA

Objetivo: Criatividade
Material: papéis, lápis

O professor pedirá que os alunos encostem as cadeiras nas paredes da sala de aula.
Ele dividirá a turma em dois grupos e, os colocará sentados, formando dois círculos , com os alunos segurando uma folha de papel e um lápis.
O professor escolherá uma palavra de 8 a 10 letras.
Cada letra desta palavra será na ordem, as iniciais das palavras que formarão um telegrama, que será redigido por cada grupo, num tempo determinado pelo professor.
Será vencedora a equipe que formular o melhor telegrama, que será escolhido pelo professor.
O professor poderá variar a brincadeira, dividindo a turma em grupos menores ou até fazer com que o telegrama seja formulado individualmente.

LIVRO: Recreação na sala de aula de 5a   a  8a   série
2a Edição / 1997  -  págs.    29 e 82
Elizabeth Nascimento Silva




Desenvolvimento/ Etapas:
·        1ª etapa:
§        Fazer uma roda de conversa, onde será  socializado os conhecimentos prévios
  • Ouvir  músicas, poesias, notícias.
  •   Localizar a Região Nordeste no mapa.
  •   Discutir sobre as observações iniciais, como dimensão das regiões, costumes, etc. 
  •  Propor que cada sala através de sorteio tenha a  tarefa de trazer para a próxima aula uma pesquisa   sobre um determinado estado que pertença a Região Nordeste, com hábitos alimentares, cultura, jogos, danças típicas, etc.

·        2ª etapa:
  • Socialização das pesquisas em sala. 
  • Distribuir tarefas, dividir a sala em grupos. 
  • Cada grupo ficará encarregado de desenvolver um tema: Poesia / Dicionário / Jogos e Brincadeiras, etc
     
·        3ª etapa: 
  •              Em sala de aula os grupos desenvolverão seus temas, fazendo registro de todo o processo, através de redações, textos, desenhos,  poesias, obras de arte...


·        4ª etapa:
§         Apresentação dos grupos

·        5ª etapa:
§         Socialização dos conhecimentos adquiridos

·          6ª etapa:  avaliação
  •    A avaliação será feita através da participação dos alunos durante a realização das tarefas.
  •   Será feito uma socialização com todas as salas, para discussão dos temas abordados durante o projeto. 
  •   E para finalizar esse tema, os grupos deverão montar uma feira cultural, com “stands”, para expor objetos, pratos típicos, fotos, etc.